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Maria |
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Deus é bom! E hoje posso dizê-lo com tanta alegria e certeza. O meu nome é Maria, tenho 24 anos e venho do Portugal. Sou a oitava de onze irmãos, uma família católica e unida. Sempre rezámos e fomos a Missa juntos. Os meus pais sempre nos propuseram uma vida simples e comunitária com o coração aberto aos mais necessitados.
Aos 8 anos, disseram-me que o meu pai tinha cancro. Tentei confiar no Senhor e rezei constantemente pela sua cura. Cada ano parecia pior, comecei a fechar-me em mim mesma a sentir rebelião e confusão, pensava: “Deus, que é Pai, está a roubar-me o meu pai, e não só a mim, mas a 10 outros irmãos!”.
Comecei a construir a minha pessoa de modo a agradar e “ajudar” o mais possível em casa: uma Maria forte, que faz tudo bem e ajuda sempre, independente e que reza. Tinha tudo sob controlo!
Ao contrário, estava triste, tinha medo de sofrer e assim afastei-me de todas os que me amavam, incluindo Deus.
Cheguei aos 18 anos cheia de máscaras, ilusões, sem conhecer-me e sem saber o que fazer da vida. Procurando consolação nas pessoas e nas coisas do modo errado.
Mas Deus nunca desistiu de mim!! Pela sua graça, fui 1 mês em mosteiro de clausura. Pela primeira vez depois de anos, pôs-me em frente de Jesus Eucaristia e tive a coragem de pedir-lhe ajuda. 
Até que cheguei á Comunidade Cenacolo! Assim comecei este caminho de verdade a aceitação da minha história, com ajuda de todos os que viviam comigo. Aprendi a pedir perdão. Uma vez pedi perdão porque roubei pão, parecia-me a coisa mais vergonhosa de partilhar com os outros! Mas senti-me verdadeiramente acolhida e amada como sou. Este momento ajudou-me a fazê-lo mais vezes e a procurar a liberdade de ser a Maria.
Não foi simples pôr-me nas mãos de Deus através da Comunidade, parecia que perdia o “controlo” que tinha de minha vida. Mas a alegria e paz eram maiores que as dificuldades.
Assim, com as minhas lutas fiquei e com o passar do tempo aumentou o desejo de perseverar, crescer e de doar o que recebo todos os dias. Até que Deus chamou-me na missão em Libéria.
Só posso dizer: OBRIGADA! – a Deus e a Comunidade.
As crianças e este povo são um grande dom para mim. Estão a ensinar-me a amar gratuitamente. É uma bomba de alegria!!!
Estão felizes com as menores coisas: um autocolante, um lápis novo, um abraço...estão sempre prontos a perdoar e recomeçar, SEMPRE! Têm uma atenção especial, vêm tudo e todos.
Sempre me dizem: Hoje rezei por ti! Rezo pela tua família! Tia obrigada, é muito boa!
O meu coração de pedra, está finalmente a mudar. A cada momento do dia os meninos pedem-me de olhar, de estar com eles e de amá-los. Estão a ensinar-me a deixar de ser egoísta, a não olhar só para as minhas coisas.
A vida com as crianças ajuda-me a ser presente, e mesmo se Deus me pôs tantos desejos no coração, confio e sei que aquilo que vivo é já uma obra de suas mãos e que me enche de alegria.
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